Várias coisas são possíveis hoje em dia. Nem que seja por pouco tempo, ou até mesmo por alguns segundos. Assim pensam diferentes grupos sociais. O que importa é que vale a pena ser notado, admirado, e até invejado. Isso é o que, constantemente, escuto muitas pessoas dizerem.
Por outro lado, ainda há gente que se preocupa com o nome, as aparências e o julgamento. Prefere ser respeitada. Se vai à praia, deixa de imitar seu semelhante: evita tirar fotos, especialmente as chamadas criativas, e fazer lives extravagantes. Aliás, logo de início, em vez de caprichar no look, na maquiagem, no penteado e na escolha dos acessórios, prima pela simplicidade, inclusive a ponto de ficar mesmo sem graça. Realmente não desperta o olhar de nenhuma criatura, muito menos a curiosidade e a imaginação. Mas será que se tornar tão distante dos olhos humanos não consiste em exagero?
Tenho escutado que, na verdade, exagero é deixar de viver. Todavia também há quem diga que exagero mesmo é deixar de alimentar os próprios desejos e os pensamentos de quem busca no instagram e no facebook uma imagem sexy, alegre e sedutora, que promova felicidade – principalmente de frutas novas[1] e ditas saudáveis – além de notícias prazerosas nas demais redes sociais. Ter coragem de gravar e fotografar um momento de banho na piscina ou na praia bem à vontade, descontraidamente, sem pressão, não para guardar de lembranças, mas em especial para postar, é uma prática admirável, – que tem causado um choque intenso, sobretudo à velha guarda. E é desafio não alcançado por toda e qualquer pessoa. Afinal, a dificuldade em lidar com a fama, o medo da crítica e o receio da exposição constituem-se como motivos de afastamento dos holofotes.
Assim, fica evidente que enquanto uns desejam grandes novidades e fazem quase tudo para viajar pelo mundo – nem que seja em forma de fotos ou vídeos –, outros, de fato, buscam desesperadamente se inserir no grupo dos que ficam nos bastidores.
Enfim, cada qual tem direito a optar pelo que bem lhe faz. Em vários contextos, o não faltam são crianças, jovens, adultos e, com certeza, representantes da velha guarda, com uma vontade inexorável de melhor viver a vida, à sua própria maneira. Por isso, apesar da resistência, o desejo é vencido. De repetente, o escondido precisa aparecer. Não acha?
Mazé Maurício, 2021.