Bueiros que enviam informações sobre a capacidade de escoamento, sensores para informar a qualidade da água e armazenamento de dados da prefeitura na nuvem, tudo isso é possível em uma cidade inteligente (smart city). Em breve, essas tecnologias podem ser implantadas em Salvador, que vai se tornar a primeira capital brasileira com um plano diretor de tecnologia na busca por ser cada vez mais eficaz nos seus processos.
Nesta quinta-feira (2), o prefeito ACM Neto assinou o contrato que dá início aos trabalhos de elaboração do Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI) na capital. Ganhador da licitação, o Consórcio Salvador Smart City tem até outubro de 2020 para estruturar o plano. Esta primeira etapa recebeu um investimento de R$ 4,5 milhões. Já a implementação dos projetos terá uma aplicação de cerca de R$ 55,5 milhões com recursos captados junto à Cooperação Andina de Fomento (CAF).
O investimento vai permitir que a capital tenha uma nova estrutura de conectividade urbana para se tornar mais eficiente e econômica na gestão pública. O PDTCI tem como base o conceito de “Internet das Coisas”, no qual a conectividade permite a comunicação entre os objetos da cidade e os usuários para a transmissão de dados em rede. Com a iniciativa, vão ser realizados diagnósticos multissetoriais e estipuladas metas de curto a longo prazos.
O prefeito apontou que o plano vai deixar um legado para a cidade para além do seu mandato, com a preparação de uma estratégia de transformação da cidade que deve continuar a ser executada pela próxima gestão. A conectividade permitida pelo investimento vai desenvolver ferramentas para facilitar a prestação de serviços para o cidadão, pontuou Neto.
“O plano vai permitir a maior transparência nas ações da gestão e vai facilitar o dia a dia da cidade. Uma parte das ações é interna, para melhorar a gestão e produtividade. Mas, o mais importante é como isso vai facilitar a vida das pessoas. Vamos ampliar e facilitar o acesso do cidadão aos serviços públicos usando tecnologia de ponta para a prefeitura se fazer ainda mais presente em todos os cantos de Salvador”, disse o gestor municipal.
Projetos transversais
O plano já prevê três projetos transversais: o Observatório Salvador Inteligente, a Infovia Salvador e a Nuvem Urbana. O representante do Consórcio Salvador Smart City, Vitor Antunes, explicou que estes projetos servem como uma base de infraestrutura para permitir que outras ações setoriais para uma Salvador inteligente possam ser pensadas e executadas.
A infovia permite que haja uma maior conectividade de banda-larga na cidade, o que possibilita a ampliação do acesso a internet para a população e em órgão públicos. Além disso, a via também pode ter sensores integrados para gerar dados sobre tudo que acontece em Salvador e enviá-los à prefeitura.
A nuvem foi pensada para conseguir armazenar e processar as informações sobre a cidade. Já o Observatório permite que as secretarias municipais façam um trabalho integrado de acompanhamento em tempo real dos dados, informações e imagens geradas pela smart city.
“De concreto existem as ações transversais, mas vão ser estudadas metas e projetos a serem realizados de forma setorial. Podemos estudar quais vão ser os locais que receberão wi-fi público, novas estratégias de videoanálise aplicadas na rotina da cidade e nas festas”, disse Antunes.
Além da licitação no valor de R$ 4,5 milhões, outra concorrência vai ser aberta para a execução dos projetos executivos determinados pelo PDTCI.
O Presidente da Companhia de Governança Eletrônica (Cogel), Alberto Braga, contou que a primeira etapa do trabalho é a realização de um diagnóstico de como a prefeitura utiliza a tecnologia e como este uso tem atuado em prol da população. Braga apontou que o primeiro passo para fazer uma smart city é conectar a cidade e isso depende de uma boa infraestrutura.
A partir da implantação da infraestrutura e dos projetos transversais, a gestão municipal poderá otimizar a sua atuação com a criação de um planejamento mais eficaz da cidade, garantiu o secretário municipal de Gestão, Thiago Dantas.
“A ideia é trazer a base de informações para uma estrutura única, não adianta ter as informações e essa comunicação não acontecer. Queremos orquestrar e fazer com que a prefeitura funcione melhor. Com a conexão, o cidadão passa a perceber uma melhor condição de demandar a prefeitura e tem uma melhor resposta do que é demandado”, contou o secretário.
Para Dantas, a ampliação da obtenção de dados por meio da conectividade permite que a prefeitura conheça melhor o cidadão e suas demandas. Assim, é possível “traçar um perfil específico para aprimorar a construção de políticas públicas municipais”.
As ações vão unificar as iniciativas de tecnologia da capital, mas não apenas os projetos criados após a implantação do plano. Ainda em 2020, os cidadãos da capital vão ter acesso ao Salvador na Palma da Mão, um aplicativo que vai permitir o acesso a todos os serviços municipais. Neste ano, a gestão municipal ainda vai extinguir os procedimentos em papel com a informatização de 100% dos processo.
“Salvador vai ter 100% dos processos informatizado, o sistema já está em fase de elaboração. Vamos acabar com o processo físico na prefeitura. Tudo vai ser informatizado e pode ser operacionalizado por qualquer órgão na gestão”, disse o prefeito ACM Neto.
Fonte: Correio*