Muito se tem aprendido na escola, mas os valores essenciais são internalizados em casa, com pai e mãe. Um bom dia bem dado, por exemplo, ganha para qualquer outro. Foi o que aconteceu com Caroline, menina bastante disposta. Num dia de intenso calor, ela saiu com a mãe e dos dois irmãos.
Para não se estressar, a dona de casa resolveu que todos usariam roupas bem leves. Caroline, por sua vez, depois de muito reclamar, o que virara rotina, decidiu usar saia jeans curta e blusa de tecido leve. Depois de muita insistência da mãe, aceitou colocar uma segunda pele na parte inferior do corpo, mais precisamente embaixo da saia. Quando chegarem à calçada, Carol foi a única que não cumprimentou duas vizinhas que estavam tomando o sol da manhã.
Ao chegarem a um restaurante, todos se acomodaram, menos quem? Já imagina, não é? Isso mesmo! A jovem adolescente. Ela sempre chamava atenção na escola por querer sentar e colocar os pés sobre o assento. Naquele local queria fazer a mesma coisa. E ainda escolhia cadeira.
— Caroline, sente em qualquer lugar! É tudo igual!
— Só pra senhora! — Respondeu a boa filha.
— Acho melhor você sentar logo, antes que eu resolva voltar para casa ou dar um jeito em você aqui mesmo!
— Ela apronta e a gente tem que pagar o preço? Toda vez é isso. — Disse o irmão mais velho.
A mãe, já chateada, pensou nos garotos. “Realmente! Eles, muitas vezes, eram prejudicados por causa da irmã”. Então, resolveu fazer o pedido, e deixá-los à vontade para a escolha da sobremesa. A adolescente, por sua vez, mesmo estando muito acima do peso, também usou e abusou da generosidade. Mas, de repente, parecia ter engolido uma baleia. Tentava colocar um dos pés na cadeira e não conseguia, Sentia a barriga muito cheia. O metre, acompanhando a cena, dirigiu-se à mesa.
— Senhora, deseja mais alguma coisa? Tem água com gás. Acho que sua filha está precisando.
— Tudo bem! Pode trazer uma.
Ao servir a família, o funcionário ficou envergonhado. Não sabia para onde olhava: para a saia ou a barriga.
— O que o senhor tá olhando? Nunca viu gente?!
— Vejo todo dia, senhorita. E toda hora também. Mas desse jeito, é a primeira vez!
A jovem ficou vermelha de raiva.
— De que jeito? Acho melhor servir logo essa gasosa.
— Desculpe, posso perder o emprego, mas não costumo mentir. Já vi tanta coisa nesse mundo! Agora, cliente em restaurante sem roupa, nunca! Além disso, até onde sei, perna aberta ficou pra homem.
A mãe ficou pálida. Não acreditava no que via. A filha toda exposta com segunda pele, transparente!
Mazé Maurício, fev. 2019.
Mazé, obrigada por me proporcionar mais uma maravilhosa leitura. Você é incrível.