Sem a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil inicia sua participação na COP26 com a fala do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que se pronunciará, à distância, aos líderes globais a partir das 11h desta segunda-feira (1º).
A fala do ministro será transmitida ao vivo a partir do pavilhão montado na sede da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em Brasília. Leite vai a Glasgow, na Escócia, onde acontece a Cúpula do Clima, somente na semana que vem e chefiará a delegação brasileira no Reino Unido.
Bolsonaro fará apenas uma aparição por vídeo nesta segunda para apresentar a nova meta de redução de emissão de gases de efeito estufa. A meta atual do governo para 2030 é 43%. O novo número ainda está em discussão, mas deve ficar entre 45% e 48%.
O Brasil está sob pressão para elevar sua meta, depois que vários países aumentaram as suas, diante de novas evidências científicas de que as atuais não são suficientes para manter o aquecimento global em no máximo 2ºC até 2050, e preferencialmente 1,5ºC — a meta do Acordo de Paris, de 2015.
Como principal autoridade do Brasil na COP26, Leite ficará responsável por apresentar e defender as ações do Brasil contra a mudança climática aos mais de 190 países presentes no encontro e à imprensa mundial. O ministro assume o papel de tentar reverter a imagem que o governo cultivou no mundo, em relação ao desmatamento para atividades agropecuárias legais e ilegais.
Leite deve apresentar um estudo da Embrapa que aponta a preservação de 280 milhões de hectares de floresta no Brasil por ação da atividade agropecuária. Segundo o órgão, a pesquisa é realizada com dados de Censo Agropecuário 2017, mas foi atualizado com dados do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR).
Outra missão de Leite será negociar valores para financiamento de atividades de combate ao desmatamento. “O ministro também defenderá o mercado de carbono e um financiamento climático maior de países ricos às nações em desenvolvimento”, diz o Ministério do Meio Ambiente em um comunicado.
A cúpula do G20 concordou, durante conferência em Roma nesta final de semana, em criar um fundo de R$ 100 bilhões em ajuda a países vulneráveis para combater problemas relacionados à mudança climática e seus efeitos.
Na solicitação de dinheiro a países de economia desenvolvida, pesa contra o Brasil o fato de o governo Bolsonaro ter o congelado R$ 1,4 bilhão em benefício a 40 projetos do Fundo Amazônia para combate ao desmatamento e recuperação da floresta. A medida foi tomada ainda durante a gestão de Ricardo Salles, ato que não foi desfeito pelo atual ministro.
Outras presenças
O Brasil vai contar com a presença de 13 governadores na COP26, entre eles, o governador João Doria (PSDB-SP), que participará, nesta segunda-feira, da sessão “Cidades e Declarações: Visão geral de seu trabalho atual sobre inovação climática e tendências e necessidades futuras” e do lançamento do livro “Acordo Ambiental São Paulo”, promovido pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Mauro Mendes (DEM), governador do Mato Grosso, também estará presente. Ele vai acompanhar os painéis “Carbono Neutro MT”, “Amazon Day” e “Finanças para infraestrutura sustentável”, que discutem soluções para a atividade econômica de um dos estados com a relação mais problemática com os biomas em risco. Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, o estado que mais desmata, também estará na Cúpula do Clima, mas não divulgou sua agenda.
Participam ainda os governadores Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Camilo Santana (PT), do Ceará; Gladson Cameli (Republicanos), do Acre; Marcos Rocha (PSL), de Rondônia; Wellington Dias (PT), do Piauí; Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul.
Não irão, mas mandarão representantes os governadores Wanderlei Barbosa (sem partido), governador em exercício do Tocantins; Reinaldo Azambuja (PSDB), governador de Mato Grosso do Sul; Antonio Denarium (Progressistas), governador de Roraima; Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, enviará a secretária de Meio Ambiente, Josiane Andréia Soares Ferreira, e o secretário de Planejamento, Eduardo Tavares. Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas, será representado pelo secretário de Meio Ambiente, Eduardo Taveira. Renan Filho (MDB), governador de Alagoas.
Fonte: CNN