Entendidas como as maiores inovações tecnológicas desde a criação da própria internet, soluções como o ChatGPT já transformam as relações de trabalho. Um recente estudo desenvolvido pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que cerca de 80% da mão-de-obra daquele País poderá ter, pelo menos, 10% das suas tarefas afetadas por sistemas de GPT. A mesma pesquisa foi além e identificou que cerca de 19% dos trabalhadores serão afetados em pelo menos 50% do seu trabalho, em razão da nova Inteligência Artificial.
Ainda é cedo para mensurar o real impacto que essas ferramentas terão no futuro e o quão imprescindíveis elas serão para o mercado, mas é possível apontar mudanças em todo o trajeto profissional, desde a qualificação até a execução das tarefas.
“Os processos de formação para uso dessa tecnologia já são um fator preponderante para atender às novas demandas de toda a cadeia produtiva. Acredito que ela ainda terá a mesma importância que ferramentas como Word e Excel têm hoje para qualquer empresa, pois com a revolução nas profissões, será necessário cada vez mais preparar os profissionais para as grandes modificações dentro da nova estrutura gerada para o mercado de trabalho”, afirma Álvaro Manzione, sócio fundador da Beedoo, maior plataforma da América Latina para comunicação, capacitação, e engajamento de equipes de atendimento, de campo e da indústria, que trabalha com IA para disponibilizar aos seus parceiros dados estratégicos e insights como indicadores de desempenho.
Francisco Borges, consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) em Gestão e Políticas Públicas voltadas ao Ensino acrescenta que, neste provável cenário, além de transformar processos e execução de tarefas, a inteligência artificial abrirá caminho para o surgimento de novos postos de trabalho.
“É importante que profissionais e empresas percebam esta nova realidade de mercado, onde dados transformados em informações são insumos essenciais para qualquer segmento. É como a inteligência de negócios funciona, auxiliando na tomada de decisões. Por que não pensarmos, portanto, na ascensão de profissões como desenvolvedores, gerentes, técnicos, consultores e analistas específicos de ChatBot? O certo é que estes precisarão de treinamentos focados para a formação de mão-de-obra especializada”, diz.
Por outro lado, ações de regulamentação de inteligências artificiais, em todos os âmbitos, podem desacelerar algumas dessas mudanças. No Brasil, há projetos de lei no Senado e na Câmara dos Deputados em tramitação para tratar dos princípios, direitos e deveres para uso da IA no País.
Temas como limites para atuação do poder público por meio das IAs, uso de câmeras para identificação dos membros do corpo social, avaliações individuais de riscos, fiscalização, segurança e responsabilidade, tráfego, abastecimento de água, eletricidade, educação, bem como as autoridades competentes que farão o controle dos sistemas, estão entre os que serão tratados nessas propostas.