A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu nesta segunda-feira (20) dois processos de ligados à renúncia do presidente-executivo da Petrobras, José Mauro Coelho, segundo informações da autarquia.
Coelho pediu demissão do cargo nesta manhã, após protestos do presidente Jair Bolsonaro e de parlamentares contra novo reajuste nos preços dos combustíveis na última sexta-feira (17).
Um primeiro processo investigará notícias que anteciparam a renúncia. O anúncio ocorreu após o jornal O Globo ter publicado mais cedo que membros do conselho de administração da Petrobras que conversaram com Coelho no fim de semana relataram a disposição do executivo de pedir demissão.
Antes da companhia se manifestar oficialmente, os negócios com ações da Petrobras chegaram a ser suspensos na B3.
Após a saída de Coelho, a estatal informou que Fernando Assumpção Borges assumirá o cargo de presidente interino até que um novo indicado seja eleito para o cargo.
Já o segundo processo investigará uma “movimentação suspeita” envolvendo as ações da estatal. Questionada sobre se a apuração pode envolver alguma denúncia de “insider trading”, a CVM não se manifestou.
A autarquia disse à CNN que “acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas e o mercado de capitais, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”, mas que “não comenta casos específicos”.
Os processos administrativo abertos pela CVM, de números 19957.006861/2022-44 e 19957.006614/2022-48, podem se tornar uma investigação formal, dependendo das conclusões tomadas após análise pela gerência de acompanhamento de empresas da autarquia, como é praxe nesses casos.
Coelho foi demitido há um mês, mas o processo de checagem do candidato indicado a ser seu substituto, Caio Paes de Andrade, ainda não foi iniciado. Além de deixar a presidência da estatal, ele também renunciou ao cargo de membro do Conselho, conforme divulgado pela Petrobras.
A renúncia ocorreu alguns dias após a Petrobras anunciar um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel, o que gerou críticas do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira.
As sucessivas altas no preço dos combustíveis levaram o governo a buscar medidas para arrefecer o preço cobrado nas bombas. Na semana passada, o projeto de lei que estabeleceu um teto de 17% sobre o ICMS foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
CNN Brasil