Gestoras que são exemplos da representatividade e força da mulher na política participaram nesta quarta-feira (13) da Reunião de Prefeitas e Vice-Prefeitas da Bahia. O evento, que fará parte do calendário anual da União dos Municípios da Bahia (UPB), aconteceu na sede da entidade em Salvador, e contou com a presença de mais de 100 mulheres. As gestoras foram unânimes em classificar a iniciativa da UPB como um fato marcante na entidade, que se compromete a contribuir com a luta pela igualdade de gênero e pela ampliação da presença das mulheres na política. Dos 417 municípios baianos, 25% das gestões têm presença feminina, sendo 53 prefeitas e 59 vice-prefeitas.
O presidente da UPB, Zé Cocá, reforçou por meio de mensagem em vídeo que política é lugar de mulher e que é papel da instituição estimular e apoiar as gestões administradas por elas. “Esse encontro marca a força da mulher na política. É extremamente importante a união de vocês para que a gente debata política pública com representatividade”, ressaltou.
Em seu quinto mandato eletivo, a prefeita de Mucugê, Ana Medrado, ressaltou que as mulheres precisam ocupar mais cargos públicos, para assim promover mudanças na sociedade. Ao apresentar junto com o SENAC Bahia o painel “Fomento ao Empreendedorismo Feminino e seus Benefícios para os Municípios”, Ana Medrado falou da experiência de Mucugê e estimulou as colegas a criar políticas públicas de capacitação de mão de obra e estímulo ao turismo para fortalecer os negócios comandados por mulheres. “Esse encontro é muito importante para que tenhamos o nosso momento de troca, para analisarmos e conversarmos sobre nossas dificuldades e também dividir boas experiências aplicadas nos municípios, sabendo que podemos contar umas com outras”, pontuou.
As prefeitas de Cachoeira, Eliana Gonzaga, e a de Nilo Peçanha, Jaqueline Soares, compartilharam da ideia de que é uma luta diária e permanente ser mulher e ocupar espaços de poder. “O mais difícil não é vencer uma eleição, o difícil é se manter no cargo em uma sociedade machista que tenta o tempo inteiro nos desqualificar”, pontuou a prefeita de Cachoeira, primeira mulher e negra eleita para o cargo. “Precisamos mudar essa realidade e eu acredito que nós juntas continuaremos buscando realmente o nosso papel na sociedade. As mulheres precisam protagonizar suas vidas”, afirmou Jaqueline. A prefeita de Nilo Peçanha, que também é enfermeira, usou sua fala para repudiar o caso recente envolvendo um anestesista que estuprava mulheres na sala de cirurgia durante o parto. “É inaceitável que a mulher seja violada até em um momento tão sublime de dar a luz a uma vida”.
Política é lugar de mulher
Presente ao evento, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, criticou o baixo número de mulheres à frente das administrações municipais. “Somos apenas 12% de mulheres prefeitas e se somadas às vice-prefeitas estamos em apenas 25% das gestões municipais na Bahia. Esses dados mostram o quanto é importante a mulher participar mais da política, é fundamental. Nós estudamos, nos preparamos, nós temos capacidade, somos nós quem representamos a maioria na sociedade. Como podemos ser maioria na população e estarmos com essa representatividade tão baixa?”, disse.
Também presente na reunião, a vice-prefeita de Nova Canaã, Eliana Matos, afirmou que é preciso que as mulheres se fortaleçam e criem laços de amizades para apoiar uma a outra. “Sabemos que ocupar cargos políticos sendo mulher é muito complicado. Mas creio que juntas vamos mudar essa realidade”, declarou.
O evento contou ainda com dois painéis, o primeiro debateu a Força da Mulher na Política e o segundo painel, realizado em parceria com o SENAC, abordou o “Fomento ao Empreendedorismo Feminino e seus Benefícios para os Municípios”, que teve o objetivo de mostrar a importância em capacitar a população e incentivar o empreendedorismo feminino, como forma de prover o crescimento e desenvolvimento econômico de todo o município.
Painel “A Força da Mulher na Política”
Com a reflexão sobre porque mulheres são necessárias na política, a escritora Cláudia Faria Barbosa iniciou o primeiro painel destacando que o grande desafio do século XXI é superar a desigualdade de gênero. “Precisamos enfrentar esse mundo que ainda é dos homens. A matriz da cidadania deixou de falar das mulheres. Vamos refletir sobre a responsabilidade de cada uma de vocês, mesmo as que não são eleitas, mas são políticas nas secretarias municipais, no trabalho ou em casa. Na política temos que ser do jeito que podemos, desde que com respeito e intenção de melhorar a vida das pessoas. Demoramos para descobrir, mas é a diversidade que move o mundo”, afirmou ela que é também autora do livro “As mulheres na política local: entre as esferas pública e privada”.